Que tal conhecer uma cidade onde não há circulação de carros? Localizada a cerca de 120 quilômetros da cidade de Córdoba, na Argentina, e com pouco mais de mil habitantes, La Cumbrecita se orgulha de ser uma cidade pedestre. Fundada por imigrantes nos anos 1940, a pequena cidade recebe turistas de braços abertos.
La Cumbrecita está localizada em um vale nas Serras Grandes de Córdoba. Fica a 1.450 metros acima do nível do mar. Tem casas de estilo do centro europeu ao longo de caminhos que cruzam a floresta.
O site oficial da comuna informa: “Visitar a nossa cidade é entrar num refúgio de tranquilidade, onde a natureza e a mão do homem conseguiram manter o equilíbrio”.
La Cumbrecita e seus arredores foram declarados Reserva Natural de Uso Múltiplo. A cidadezinha é o centro desse ecossistema e a guardiã da diversidade da região.
Na cidade, não é permitida a entrada de veículos. Todos os percursos estão planejados para serem feitos a pé. Tem cachoeiras que descem das montanhas, florestas antigas repletas de trilhas, rios de águas cristalinas e construções alpinas típicas dos dois lados da estrada.
Aberta a turistas, a cidade tem boa infraestrutura de serviços: hotéis, complexos de cabanas, pousadas e suítes com serviços de primeira qualidade. Além disso, tem complexos recreativos, visitas guiadas e excursões de turismo de aventura.
E não menos importante, La Cumbrecita tem uma gastronomia reconhecida. Receitas da tradição da Europa Central são combinadas com a cozinha crioula. Assim, se criam diferentes pratos que podem ser degustados nos bares e restaurantes da cidade.
A história de La Cumbrecita
O povoado começou em 500 hectares de uma área desolada, com vegetação escassa. A cidade mais próxima ficava a mais de 20 km. Para chegar, só no lombo de uma mula. Não havia árvores, nem estradas, nem pontes de acesso a esse território cercado por rios. As informações são do site da comuna.
Para chegar lá, Helmut Cabjolsky precisou percorrer cerca de 700 km de trem até Alta Gracia, 30 km a mais de carro e mais de três horas a cavalo por uma trilha precária. La Cumbrecita era um campo perdido no coração das grandes montanhas de Córdoba.
Helmut Cabjolsky nasceu em Berlim em 1892 e chegou à Argentina aos 40 anos, junto com sua esposa e dois filhos, para assumir a direção da empresa Siemens Buenos Aires. Em 7 de setembro de 1934 fez a compra do terreno.
Nesse mesmo ano, os pioneiros Federico e Enrique Behrend, cunhados de Helmut, vieram da Europa. Sua missão era desenhar a estrada de acesso ao local e começar a arborização. Ao longo daquele ano, os irmãos Behrend viveram em barracas. Desenvolveram um viveiro local, cercaram parte do campo para impedir a passagem de animais, traçaram uma trilha desde a cidade mais próxima e iniciaram a arborização da propriedade.
O primeiro prédio da cidade começou a ser construído em 1935; uma casa de adobe de 8 quartos que abrigaria a família durante o verão e alguns finais de semana. Os materiais usados para a construção e até mesmo os mantimentos tinham que ser buscados em Alta Gracia, a mais de 50 km de distância.
Em pouco tempo, a chegada de conhecidos da família fez com que a construção destinada a uma casa de veraneio passasse a funcionar como uma pequena pousada. Alguns dos visitantes, atraídos pela beleza da região, tornaram-se os primeiros habitantes de La Cumbrecita.
A cidade da esculturas de madeira
Em cada recanto da cidade, o turista verá esculturas de madeira. Há a fada vigiando a floresta, os pioneiros alemães e crioulos, esquilos, corujas, raposinhas, um elfo pescando uma truta, outro alimentando esquilos, observando o Cerro Cumbrecita ou a capela.
Estas esculturas foram feitas com os restos de ciprestes e cedros que ficaram de pé após um forte vendaval que, em outubro de 2012, derrubou cerca de 500 dessas árvores. Muitas, antigas e plantadas pelos pioneiros, foram selecionadas. O artista Luis Carlos Pérez deu vida a elas criando as esculturas
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Recomendações para quem visita a cidade
La Cumbrecita é uma cidade pedestre. Quem vai passar o dia deve deixar seu veículo nos estacionamentos fornecidos pela comuna. Na entrada da cidade, funcionários informam onde deixar o carro. Mas quem vai para ficar em La Cumbrecita pode entrar com o veículo até o hotel ou cabana.
A cidade não tem banco nem caixa eletrônico. Também não tem posto de gasolina. Tudo deve ser providenciado antes de ir até lá.
Como uma cidade pedestre, em que todos os circuitos internos estão previstos para serem feitos a pé, é importante usar calçados adequados. Clima, temperatura e luz são bastante variáveis. Assim, a comuna recomenda que os turistas levem abrigos, óculos e usem protetor solar.
La Cumbrecita é uma reserva natural. É proibido caçar ou causar qualquer dano a qualquer espécie da flora e da fauna, sob pena de multa. Para não correr riscos desnecessários, as excursões prolongadas devem ser realizadas com guias especializados.
Veja recomendações do site oficial da comuna para hotéis e cabanas.
Veja recomendações de onde comer.
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Fotos: Comuna de La Cumbrecita
Belíssimo texto de Martha Feldens, que descortina um tesouro escondido nas montanhas de Córdoba. La Cumbrecita, que vontade que me deu de te conhecer. E irei.
Obrigada Martha Feldens por informações preciosas para os visitantes.
Bora!