Para quem, como eu, acha longe demais ir à fronteira argentina só para comprar vinho, conto aqui minha experiência de agregar à viagem a rota do queijo colonial do Sudoeste do Paraná (PR). Fizemos essa viagem no fim do ano passado, e valeu muito a pena. Com um dia para cada um desses propósitos, ainda conseguimos agregar uma parada para comprar boas panelas numa fábrica em Marmeleiro. Veja a seguir como foi e as indicações de locais em que paramos para as compras.
A cidade de fronteira argentina mais próxima de quem mora em Curitiba é Dionísio Cerqueira, a 558 quilômetros de distância. Saímos em um domingo e fomos até Pato Branco, já na região Sudoeste. Achei que por lá já teria alguma opção de queijaria artesanal, mas não há. Acabou sendo só um passeio para rever essa cidade que não via há anos.
Leia também: Comprar vinhos na fronteira argentina: eu fui
Na manhã seguinte, partimos em direção a Barracão/Dionísio Cerqueira, cidades que fazem divisa por terra com Bernardo de Irigoyen, na Argentina. A viagem é de menos de 100 quilômetros por uma estrada relativamente tranquila. Chegamos ainda de manhã. Desta vez, ficamos no Hotel Franco, o mais novo de Dionísio Cerqueira, mas mais longe um pouco da fronteira que o Iguaçu, onde nos hospedamos da primeira vez.
O resto do dia ficou por conta dos vinho. Voltamos à Vinoteca Casagrande e desta vez almoçamos lá mesmo. A Vinoteca está super bem estruturada para os turistas e serve empanadas fresquinhas e tábuas de frios para ser saboreados com os vinhos que você vai escolhendo ali mesmo.
Fizemos uma bela compra, apesar de, por ser fim de ano, alguns rótulos estarem em falta. Sempre com o cuidado de não ultrapassar os 12 litros, ou 16 garrafas, por pessoa da cota permitida para não configurar o descaminho. Os preços continuam sendo muito atraentes. Um bom Malbec pode ser comprado por cerca de R$ 60, vinho que nas lojas brasileiras não custaria menos de R$ 150. Para quem prefere os brancos, como eu, um Torrontés da vinícola Colomé sai por pouco mais de R$ 20.
Comprado o vinho na fronteira, partimos para o queijo do Sudoeste
No terceiro dia do passeio, partimos cedo em direção a Francisco Beltrão. A ideia era que, depois de comprado o vinho na fronteira argentina, essa etapa final ficasse por conta da busca pelo queijo colonial do sudoeste do Paraná. Como jornalista, acompanho há algum tempo a organização desses produtores, em conjunto com o Sebrae, em busca da certificação de Indicação Geográfica.
Os produtores estão organizados em torno da Aprosud – Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná. E desde 2021 existe a Rota do Queijo Paranense, em que esses produtores da região também estão inseridos.
No caminho para Francisco Beltrão, acabamos parando na loja da fábrica da indústria MTA, em Marmeleiro. Ela produz panelas dos mais diversos tipos, inclusive de pressão, de excelente qualidade e com bons preços ali na loja própria. Junto com seus próprios produtos, a loja ainda vende artigos de cozinha e mesa de várias outras marcas. Assim, acabamos comprando mais coisas do que realmente pretendíamos.
A feira do produtor de Francisco Beltrão
Eu tinha apenas um contato com a Aprosud, que consegui através do Instagram da associação. Assim, fiquei sabendo que às quartas e sábados alguns queijeiros levam seus queijos para a Feira do Produtor de Francisco Beltrão. Cedinho, numa quarta-feira, lá estávamos nós em busca dos primeiros queijos.
A feira enche os olhos de quem gosta de comprar produtos da agricultura familiar. Tem verduras, legumes, frutas, ovos, salames, pães, bolos, bolachas, compotas. E queijo colonial, claro. Garantimos um bom abastecimento ali.
E ali também encontramos a Natalie Olejas, dona da Toca Queijos Artesanais, que gentilmente nos orientou sobre como chegar nas queijarias que queríamos conhecer. Com ela, compramos seu próprio produto, um queijo mais elaborado e maturado, muito saboroso, que ela vende em caixas com diversas amostras. E também o queijo Vidalat, de outra associada da Aprosud, que recentemente foi premiado. Uma delícia!
Vinho da fronteira argentina combina com queijo artesanal do Sudoeste e da família Martinazzo
Na área rural de Itapejara do Oeste, encontramos Roseli Martinazzo, a grande campeã dos concursos de queijo artesanal nos últimos anos, com os Queijos Martinazzo. Para quem não tem nenhuma indicação de como chegar, não é fácil, mas nós fomos guiados pelo Google Maps e deu tudo certo.
Roseli Martinazzo, que divide os trabalhos com seu filho, conta que aprendeu a fazer queijos com a sogra. Com o tempo, foi se aperfeiçoando com cursos da Emater (agora IDR) e recebendo orientação de negócios do Sebrae e viu sua queijaria crescer, se profissionalizar e ganhar clientes pelo Paraná e Brasil afora.
Fizemos uma compra e tanto. O queijo colonial custa em torno de R$ 48 o quilo e vale cada centavo e a viagem. Mas para quem quiser comprar sem ir até lá, no Instagram da queijaria é possível fazer contato e comprar por encomenda de outros lugares.
O Sítio São Bento, na beira da BR-373, em Chopinzinho, foi nossa terceira e última parada em busca do queijo do Sudoeste para consumo com o vinho da fronteira argentina. Ali compramos queijo colonial, uma muçarela muito gostosa e a puína, um derivado do leite parecido com a ricota, mas menos ácido. Eu não conhecia, mas gostei muito.
Com mais tempo, poderíamos incluir outras paradas muito interessantes na viagem. Mas valeu muito conhecer melhor uma região de agricultura familiar tão marcante com o o Suodeste do Paraná. Voltaremos.
Foto principal: Eduardo Sganzerla
Que bela matéria Martha Feldens! E deliciosa! Amei conhecer melhor a produção de queijo por agricultores familiares do Paraná, quero seguir esse roteiro. Gostei demais.
Que bom que gostou!