Com base no município de Novo Airão, a 190 quilômetros de Manaus, Amazonas, a Expedição Katerre de viagens fluviais pelo Rio Negro, celebra os 16 anos de proteção aos quelônios da Amazônia. Esse projeto foi iniciado pelo professor escocês Paul Clark, da escola Vivamazônia, na comunidade do Gaspar. Posteriormente desenvolveu-se em conjunto com a AARJ – Associação dos Artesãos do Rio Jauaperi (entre os estados do Amazonas e de Roraima).
Ao longo destes anos, milhares de quelônios puderam ser salvos de sua maior ameaça atualmente: o tráfico de animais silvestres.
É no período da vazante para a seca, de setembro a dezembro, que tem início o intenso trabalho de fiscalização e monitoramento das praias de rio. Essas praias são o ambiente de reprodução das quatro espécies de quelônios mais comuns na bacia. São eles o Tracajá, Irapuca, Iaçá e a Tartaruga-da-amazônia.
Ao longo destes anos, a AARJ mobilizou seis comunidades. Assim, formou equipe de fiscais e voluntários, que atuam em um total de sete praias do rio Jauaperi. Lá eles exercem funções que vão da colheita dos ovos até a soltura dos filhotes.
Proteção aos quelônios depende dos vigilantes
O trabalho exige uma dedicação contínua de quase oito meses. É preciso deslocar-se para estas zonas de desova, a fim de recolher os ovos. Em seguida, realocá-los em locais seguros para a choca – aos olhos dos vigilantes. Essa primeira parte do processo acontece entre os meses de setembro e dezembro.
De janeiro a março, ocorre o nascimento das tartaruguinhas. Em seguida, mais 30 dias de cuidados até a fase de soltura final dos filhotes, já por meados de abril.
O orçamento necessário para manutenção do projeto é angariado por meio do repasse da Expedição Katerre (quase 80% no último ano), e doações de clientes da empresa. Eles conhecem o trabalho de preservação quando navegam em um dos roteiros da Expedição Katerre. A soltura dos quelônios é uma experiência que pode ser acompanhada pelos visitantes. Isso, claro, quando as expedições ocorrem neste período do projeto.
Neste último ano do projeto, cerca de 3 mil quelônios foram soltos em segurança na natureza, no Rio Jauaperi. Um marco e uma conquista de uma comunidade que tem como valores de vida a preservação do meio ambiente e da riqueza da biodiversidade amazônica.
Galeria Jirau será vitrine dos projetos
No município de Novo Airão, a Galeria Jirau será a sede e vitrine dos projetos desenvolvidos no Rio Jauaperi. Terá entrada grátis e exposição permanente de fotografias.
Assim, os visitantes que chegam para conhecer as belezas da região de Anavilhanas podem também ter conhecimento das ações sociais e ambientais existentes no médio e alto Rio Negro. Na galeria também haverá a comercialização do rico artesanato produzido entre os membros da AARJ – Associação dos Artesãos do Rio Jauaperi.
A diretora e responsável pela Galeria Jirau será Bianca Bencivenni, professora da rede municipal no município de Novo Airão. Ela é pedagoga e também designer de formação. Suas criações, peças de mobiliário produzidas com madeira de lei, serão também expostas no espaço.
Endereço: Av Presidente Getulio Vargas s/n, ao lado do Restaurante Flutuante Flor do Luar
Roteiros fluviais em comunhão com comunidades ribeirinhas
A Expedição Katerre, desde 2004, realiza roteiros fluviais em comunhão com as comunidades ribeirinhas do Rio Negro. Partindo do município de Novo Airão, os roteiros regulares de 3 a 7 noites exploram o Rio Negro e seus afluentes (Jaú, Apuaú, Jauaperi, Aracá).
As viagens mais curtas percorrem Anavilhanas. Já as mais extensas sobem o rio Negro até o Rio Jauaperi, na divisa com o estado de Roraima. Há também opção de charters. São duas embarcações em estilo amazônico – o Jacaré-açu (8 cabines climatizadas) e o Jacaré-tinga (3 cabines climatizadas). Essas embarcações são autênticas e aconchegantes. E contam com staff que inclui cozinheiras, camareira, guias, marinheiro e capitão.