Indicação Geográfica é sinônimo de qualidade e está ganhado terreno no Brasil. Pois a cracóvia e o mel produzidos em Prudentópolis, na região Central do Paraná, estão entre os produtos com potencial para buscar o registro de Indicação Geográfica (IG).
Nesta quinta-feira (23), o grupo de trabalho composto pelo Sebrae/PR, Prefeitura de Prudentópolis, através das secretarias Municipais de Turismo e de Agricultura, PUC-PR, Unicentro, Associação dos Produtores de Embutidos de Prudentópolis, Associação Prudentopolitana de Apicultores e Meliponicultores (Apam) e o Sicredi, reuniu-se para alinhar o trabalho. A intenção é protocolar o projeto no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em até 12 meses.
O gerente da regional Centro do Sebrae/PR, Joel Franzim Junior, lembra que, em 2020, o Sebrae realizou um levantamento de 110 regiões em todo o país, com potencial para conquistarem o reconhecimento oficial com IGs. Foi realizado um trabalho de triagem, diagnóstico e potencialização de novos produtos, a partir da demanda dos pequenos negócios. Entre os produtos com potencial de se tornarem IGs estão a cracóvia e o mel de Prudentópolis.
“Foi realizado o diagnóstico de viabilidade junto com nossos parceiros. O objetivo do grupo é debater o assunto, auxiliar, organizar e oferecer elementos para os produtores que ainda buscam os registros, que vão valorizar a cidade e a região”, explica.
Para a secretária Municipal de Turismo de Prudentópolis, Cristiane Boiko Rossetim, com a obtenção da IG, a cracóvia e o mel podem ganhar ainda mais mercado. A cracóvia, produto típico da cidade, é um embutido de carne e porco nobre defumada, que teve a receita criada por um morador local, Dionizio Opuchkevitch, na década de 60.
Já a qualidade do mel fez Prudentópolis ser reconhecida, no passado, como a “Capital do Mel”. “Caso tudo ocorra conforme planejamos, seremos a primeira cidade do Estado a ter dois produtos com IG”, planeja.
Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Embutidos, Marcos Machulek, o Município conta com 11 produtores do embutido. “O registro de Indicação Geográfica vai corroborar Prudentópolis como município pioneiro na produção da cracóvia, ou seja, como a cidade “mãe””, diz.
Além da Cracóvia, o Município busca a IG para o mel, tanto o produzido pela abelha com ferrão, quanto o da abelha sem ferrão (Mandaçaia). A diferença entre eles, conforme explica o presidente da Apam, Tarcízio Kraiczek, está na propriedade de mel de uma abelha para outra. Hoje, a Associação conta com mais de 100 associados, sendo que a produção estimada no Município é de 400 toneladas/ ano de mel.
“Em função da necessidade de diversificar a produção nas pequenas propriedades, a apicultura tem ganhado força novamente em Prudentópolis”, conta Kraizcek. Segundo ele, para que a produção seja de qualidade, a Associação tem atuado na organização do setor, com o apoio na aquisição coletiva de insumos; assistência técnica em parceria com a Emater; cursos em parceria com o Senar, além da criação de novas técnicas para o aumento de produtividade.
“A busca pela IG vem ao encontro dos objetivos da Associação, que é a valorização do mel. Queremos manter um padrão de qualidade na produção e conquistar novos mercados. Acredito que uma junção de fatores irá ajudar no processo, entre eles os investimentos em turismo, já que despertamos a atenção pelos atrativos naturais existentes”, planeja.
Hoje, o Paraná possui nove produtos com registro de IG que são o café do Norte Pioneiro, a goiaba de Carlópolis, o mel do oeste do Paraná, o queijo de Witmarsum, o melado de Capanema, a uva de Marialva, a erva-mate São Matheus – do sul do Paraná, o mel de Ortigueira e a bala de banana de Antonina. Outros cinco já foram protocolados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): a cachaça e aguardente de Morretes, o barreado e a farinha de mandioca do Litoral, o morango do Norte Pioneiro do Paraná e os vinhos de Bituruna. No Brasil são 87 produtos com registro.
Relevância
A Indicação Geográfica (IG) é sinônimo de qualidade e é importante para os pequenos negócios, pois é considerada um diferencial competitivo. Além disso, esse signo permite a valorização dos produtos tradicionais brasileiros e a herança histórico-cultural, protegendo as regiões produtoras. Nesse contexto, o legado agrega à área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade.
A maior parte das Indicações Geográficas é formada pelos pequenos negócios, segundo levantamento do Sebrae. O reconhecimento de uma IG, no Brasil, é obtido por meio de registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Hoje o país possui Indicações Geográficas em vários setores, como vinhos, artesanatos, cafés, queijos, frutas, entre outros.
fotos Rodrigo Czekalski